9 de outubro de 2011

Memórias

Eu me lembro como se fosse hoje... Final de ano, dezembrão, último ano de faculdade. Entra na sala o professor de Psicologia do Excepcional. Ele mal entra e cai em lágrimas. A filhinha dele estava se formando e ele ali para nos dar aula. Em lágrimas. Ameacei juntar o material e sair. Algumas colegas tomaram a mesma iniciativa. Ele disse que não, não adiantava mais. Disse que havia conversado com a filha e explicado os motivos da não presença dele.

Sim... eu me lembro muito bem disso. Fato que me marcou. Fato que doeu em mim, mesmo anos antes d'eu ser mãe. Por muito tempo, me culpei por ter ficado em sala. Meu coração me mandava sair em protesto, mas fiquei. Ele disse que não adiantava. Azar, ainda assim, eu não me conformava. Não me conformava por ver o pai naquela dor e por imaginar a dor da filha. Sei, hoje, que muitos motivos o levarão a isso. Excesso de comprometimento, seriedade, necessidade. Provavelmente, pensava no futuro da própria filha. Trabalhava e muito de nosso trabalhar tanto é para dar tudo aos nossos filhos - todo pai e mãe de verdade sabem disso.

Queria saber como foi depois disso. Como ele ficou. Como ela ficou. Se ele se perdoou. Se ela o perdoou também. Se ele faria o mesmo, caso o tempo voltasse. Saber como foi a digestão disso. 

Eu jamais imaginaria que, 11 anos depois, eu viveria a mesma história... Que minha filha me perdoe... e que minha dor um dia vá embora...

Acho que nem docinho bem doce consegue adoçar o post amargo de hoje. Mas, ainda assim...
















Nenhum comentário: