30 de abril de 2020

Eu e meus noivos

Quando eu escolhi minha forma e conduta de trabalho, foi por uma questão do conjunto eu + meus noivos, resultando no que seria melhor aos dois lados. A partir daí, eu criei a grande mania de ter um cotidiano muito voltado ao outro. O que seria mais adequado a esse outro, como não ser parcial na minha preferência pessoal, o que traria mais felicidade aos meus noivos e o porquê, como argumentar, como equilibrar a conduta, como ser justa com esse casal que confiou em mim. É uma filosofia de trabalho e método de condutas que criei e acho que funcionam bem. 

O que eu esperava em troca?
Reconhecimento. Reconhecimento e isso entra numa fraqueza de vaidade. Peço desculpas por ela, mas admito o caráter humano e imperfeito da questão. Não posso me queixar. Gosto do respeito que sinto no meio dos eventos e AMO o principal foco que me adula nessa fraqueza, a minha noiva (leiam sempre noivos, por favor, aliás, leiam clientes, é hábito me dirigir à noiva, por ser meu principal interlocutor direto, especialmente em rede social). Cada casamento que passa e vem um elogio, chega numa maciez, numa satisfação pessoal, numa inundação de alma, que não consigo explicar. É o momento no qual TUDO FAZ SENTIDO.

Uma palavra muito importante na minha profissão é PLANEJAMENTO. Eu passo dia e noite pensando em cada passo do dia, especialmente do grande dia do casamento (ou qualquer outro evento) daquelas pessoinhas que me contrataram e, no alcance do big day, já se acoplaram numa relação sólida e tô falando bonito, sim, me deixem falar, por favor, nada de julgamentos, eu sei que pode estar over, mas não tô nem aí pra críticas hoje.

Tá, mas e daí? , já dizia o meme extraído do BBB.
Daí vem uma pandemia e todo meu planejamento cai por terra, desaba sem dó. Cadê o chão, gente? Ainda não sei. Se alguém souber, por favor, me conte.

De novo: tá, mas e daí? 
Daí, eu volto ao reconhecimento. E precisaria entrar numa dissertação longa para contar momentos incríveis que o confinamento me trouxe (e olha que eu tô achando essa fase uma merda). Afirmo que ontem foi o dia mais incrível e reconfortante que esse período me permitiu viver. Eu poderia continuar, só que  o discurso pode estar chato e vou me prolongar demais. Então, fica uma enquete nos stories e vejo se vale a pena prosseguir ou se basta finalizar com um obrigada, que é o que vai ocorrer por enquanto. Obrigada a muitos casais que estão vivendo comigo esse momento de repaginação dos seus (nossos) casamentos. Mas, um obrigada muito exclusivo e especial a um desses casais. Talvez eu não devesse destinar ao alvo, já que eles sabem que é pra eles. Porém quem disse que não sou fora da caixinha? Vou dar nome aos bois, sim, preciso gritar, berrar meu muito obrigada à Cristina e ao Ramon pela conduta mais incrível e inesperada. Caso haja uma postagem complementar, eu agradeço mais. Eu agradeço sempre. Eu acho que toda vez que eu falar com eles, vou começar agradecendo. Até mesmo antes do oi, tudo bem. Vai ser, obrigada, oi, tudo bem? 

Finalizando, sobre a enquete, pensem bem. Talvez ela mereça um não, porque a mana ak começa a falar e não para... 

15 de abril de 2020

Falando sobre mim...

Andei me expressando demais, ultimamente. Eu andava bem comportada, limitando o cunho da rede social no meu foco principal, que é falar de eventos. Aí, a vida dá uma rasteira mundial e surge uma pandemia. Perco o ponto e exponho mais do que eu deveria. Comecei, agora vamos lá! É preciso contextualizar melhor, pra interpretação se tornar mais compreensível.

Em 2015, tirei minhas últimas férias. Férias mesmo, com viagem, com certo abandono ao celular (certo, hein, não todo, claro, eu não conseguiria) e dedicação plena ao lazer e ócio. Fiz pela Manu. Faria de novo, por ela. Foi um momento de reflexão e conclusão definitivas. Vivi uma angústia tão grande por estar de férias, que não foi saudável. Foi aflitivo antes de ir, durante e depois. Uma culpa, um martírio, um vazio e concluí que aquilo não era pra mim. Por que eu tenho que gostar de férias e de viajar, se eu não gosto, se não me faz bem? Por que eu preciso ir, se posso ficar? Por que eu preciso carregar o trabalho como conceito do árduo, como obrigação pesada, se eu amo e saio plena, ainda que com todo cansaço, pressão, longas jornadas e salário mediano no fim do mês? Ali, naquele 2015, abracei definitivamente e aceitei a minha verdade. Não gosto de férias, gosto de trabalhar. E fato é que trabalhar é bem aceito, visto com bons olhos e o único ponto sem críticas sociais, a galera acaba admirando, não exige justificativas, o que é bom também. Ainda que não compreendam essa minha bizarrice, todos respeitam e isso é bom, um conforto a mais para lidar (ou a não ter que lidar). 

Com essa característica pessoal, como ficou minha vida? Com um desejo enorme de trabalhar muito e muito bem. Isso implicou em fazer muito bem feito uma quantidade inferior de eventos. A opção é um evento por dia, salvo raríssimas exceções (tipo período de pandemia que exigiu remanejamento de agenda e uma data ou outra terá equipe sem minha presença física). A  ideia é valorizar o único, o exclusivo, o sucesso absoluto do evento por mim organizado, ainda que não havendo sucesso pleno em ganhos financeiros, especialmente quando optei por não aceitar comissão por venda/indicação. É isso que me faz feliz. Tenho medo de abrir mão de ganhar mais? Tenho. Mas tenho muito mais medo de abrir mão do que me faz feliz. Nessa escolha, vi que preciso mais de ser do que de ter. Quero muito ter o suficiente para dar uma boa educação à Manu e garantir o pagamento das demais contas primordiais, como alimentação e plano de saúde. Tá ótimo! Faz tempo que não quero mais da vida. Aí, tem o outro lado. Minha solicitação particular implorada, meu desejo maior de todos. Peço saúde o tempo todo para conseguir trabalhar até velhinha, até o corpo não aguentar mais, se possível, até morrer no palco, em cena, no meio de um evento. E aí, o que me tiram? O trabalho. Vem um vírus, somado a um Estado e me tira tira o norte. Ainda que eu me dispusesse a trabalhar, isso me foi retirado. Sim. Fiquei sem chão. Sim, uma tristeza enorme me dói a cada dia que acordo e sinto o vazio do ócio e a proibição da minha liberdade de ir e vir. Na minha cabeça,  isso não cabe. Não consigo digerir. Recomendação, ok. Proibir, é muito cruel. Não tenho maturidade pra lidar. Sofro, sim. 

Se 60/70% da população contaminada extermina ou reduz drasticamente a circulação do vírus, se os organismos jovens lidam melhor com o vírus e resistem sem maiores consequências (eu sei, há exceções), se eu escolho assumir o risco  e quero me contaminar para acelerar a proteção geral (ser uma da estatística dos 70% necessários), especialmente pra proteger meus familiares do grupo de risco, ainda que minha conduta gere críticas, perigo e excesso de paixão, qd meu temperamento justiceiro faz com que eu me entregue individualmente por uma causa, por um ideal maior, pelo coletivo... ainda assim, de repente, o Estado me proíbe de tomar minha decisão. A grande maioria das pessoas se diz Cristã e maravilhada com o sacrifício proposital e consciente de Cristo crucificado. Sei que chega ao ridículo meu exemplo, indo tão longe. Mas, queria entender porque não posso, individualmente, como organismo jovem e saudável, me doar à causa. Por que é feio eu me entregar e ser uma formiguinha operária (essa, sim, analogia real) , exercendo meu trabalho e cumprindo o  que consideraria meu sacrifício, o risco em me contaminar e viver (provavelmente) ou morrer (pouco provável), como missão a um bem maior, a uma coletividade? Por que o Estado tem o direito de matar uma nação e levar a um colapso muito menos previsível do que o efeito do vírus num organismo jovem/saudável? Colapso este que pode matar muito mais e não me refiro só a vidas, me refiro a matar sonhos, matar entusiasmo, matar projetos da vida de tanta gente. Matar de fome tb, o próximo que tem bem menos que nós. Matar a dignidade deles conseguirem o próprio alimento. Matar a esperança. Aceitar esmolas, enquanto uma minoria da sociedade vive suas grandes férias, assistindo à Netflix e comendo guloseimas sem fim, no argumento difícil de confrontar, alegando salvar vidas... Eu sei, eu tô vendo Netflix e comendo gordices. É uma opção confortável e só tenho a agradecer por isso. Mas, a louca ak, escolheria mesmo é se contaminar e resolver sua parte na contribuição ao coletivismo, em busca dos tão esperados dias melhores. 

Quando eu disse EU SÓ QUERO TRABALHAR, realmente, acho que pequei nas palavras. Ou ainda era muito cedo para eu constatar que só quero ir e vir.

Então, é isso, that's all, folks! Queria encerrar o assunto, porém com a explicação mais detalhada (e maluca, tá, sei disso tb) sobre meus devaneios em politizar meu insta. Obrigada q quem teve paciência de ler até agora. Prometo voltar à poesia do que me alimenta a alma. Assunto encerrado. Bora falar de eventos! Bora Fabricar Eventos

Foto: Le Gras

10 de abril de 2020

Fernanda ❤ Flávio
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No meio do ócio do corpo e extrema ocupação da mente, especialmente sobre o que ocorrerá após essa quarentena, eis que me chega poesia. Foto é reviver o que passou. Arranca nossos suspiros, nossas risadas, nos concede a volta no tempo, traz surpresas. Exige um bom olhar, que alie o que aconteceu àquilo que o outro considere bonito, interessante, surpreendente. Eterniza instantes que merecem, de fato, existir pra sempre. Sim, esse fevereiro de 2020, pré-covid, tornou-se inesquecível. Pela raridade do que vivemos, pela possibilidade de aglomerar e comemorar, por permitir abraços e beijos à vontade, por ser o mês dela, minha Fernanda, tão incrível e seu amor de uma década, o tb querido, Flávio. Ah, meus amores, quem diria que vcs fariam ainda mais história, sendo meu último casal de um tempo em que tudo parecia promessa de um ano mega bom. "O importante é que emoções eu vivi", já dizia Roberto Carlos. Que privilégio viver as emoções que vivemos. Sinto o cheiro perfumado e o gosto doce daquele dia. Sinto saudades do ensaio no corredor do shopping e até de sentir o maior medo do momento, que era simplesmente o medo da chuva. Se foi especial quando vivemos, ficou ainda mais hoje, quando percebemos o quanto fomos felizes naquele dia de pura magia.
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Fernanda veio e se tornou minha de imediato. Ela é ultra blaster tranquilinha, fala com delicadeza e sempre se mostrou fofíssima e educadíssima. Do jeito que eu queria ser. É boa ouvinte,  característica que eu acho, atualmente, um dos mais sensacionais adjetivos que alguém pode ter. É moça que parece ser ótima amiga, daquelas que a gente quer ao lado o tempo todo. Do tipo que entrega seu carinho e sua confiança, senti isso plenamente em nossa caminhada. Ela me inspira e eu curto gente que me inspira. Ela me acalma e eu também curto gente que me acalma. Ela estava sempre acompanhada da mãe (Magda, outra querida demais), ela tem jeito de boa filha e eu curto demais boas filhas (ouviu, Manu, vou repetir, curto demais boas filhas). Ela é amiga de outras fofuras, mega especiais, que também tenho a honra de chamar de minhas, né minhas amouras  que sabem quem são. Ela me faz querer escrever sem fim e meu coração aperta de saber que tô encerrando, pra eu não ser a chata-prolixa das palavras.
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Já que a postagem precisa encerrar, que seja do jeito que a gente mais ama: demonstrando eterna gratidão. Obrigada, mina sempre noiva, obrigada por me proporcionar conviver com sua delicadeza e sua paz. Obrigada por trazer um trem bom no coração da gente. Que alegria saber que nossa história tem mais capítulo a ser cumprido e que já,já, a gente se vê num outro casamento (né, Lu), num desses momentos que a gente mais ama viver. Momentos que dão sentido a tudo. Obrigada por me permitirem viver o casamento de vcs, Fernanda e Flávio.
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Agora, eu valorizo, mais que nunca, cada instante que pudemos comemorar e os que poderemos também, ainda que pareçam tão longe, em tempos de isolamento social. Tudo faz mais sentido de agora em diante. Tudo ganha um novo conceito e nova compreensão. Compreendo, com uma lucidez fidedigna, o valor de depositar tanto zelo, tempo, dinheiro e emoção nesse evento singular da vida, o casamento. Compreendo, com uma lucidez fidedigna, a preciosidade de uma Fernanda, quando ela me dá seu sim, neste instante da vida dela que faz da minha profissão a mais maravilhosa de todas. Obrigada por isso. Obrigada por tanto.
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Fotos: Ricardo Aquino