Não sou do tipo que defende a supersinceridade explícita. Penso que há como ser sincero e guardar para si certos pensamentos. Se a pessoa estava em forma e engordou 10 quilos, para quê informá-la se, bem provavelmente, ela já sabe e, não menos provável, ela já sofre as consequências disso? Não, realmente, não vejo necessidade dessa agressão espontânea. Mesmo se ela me pergunta: "- Viu como engordei?". Ainda assim, procuro ser sutil e dizer algo tipo "- AH, DEPOIS VC EMAGRECE TUDO DE NOVO, COISA TRANSITÓRIA!".
Com noivas, procuro ser assim. Sempre manter a linha da verdade, sem agredir. Se a noiva vem e me pergunta: "-Cabem 300 pessoas naquele salão de festas?". Se não cabem, infelizmente, ela vai ouvir a verdade. Ou, se não cabe com meu padrão de exigência de conforto e do que considero ideal ao bom andamento da festa, ela vai ouvir a minha verdade. Com delicadeza, é claro, jamais direi "como vc é ignorante de insistir em acabar com sua festa, colocando 300 pessoas ali". Meu papel é proteger, defender minha noiva, lutar por ela, fazer funcionar para felicidade imperar (adoro minhas rimas breguetes, rs)! Nunca uma noiva ouvirá FAÇA ISSO MESMO, se a possibilidade estiver fadada, minimamente que seja, ao insucesso. Casamento de noiva minha é cercado de todos os lados, não cabe iminência visível de insucesso. Vamos correr 10% de risco, 5%, 2%??? Nãããão. A gente cerca tudo, em todos os lados, todos os ângulos, 360º. Se algo fugir do esquema, é por haver imprevisto, pois o previsível, todo ele, foi cercado, ah foi, não resta dúvida!!!
E aí? Aí que, quando se lida com o sonho, a verdade cria as próprias respostas. A noiva quer daquele jeito, quer aquela resposta e, se vc tem outra realidade a mostrar a ela, pode ser que vc não sirva, não seja ideal dentro do ideal dela. A resposta negativa, quando se quer positiva gera uma quebra do paradigma criado pela noiva e adotar novo paradigma nem sempre é fácil. Há quem o faça e quem entenda que o abraço à causa é seu objetivo maior (meu, no caso, quem me conhece sabe o quanto abraço a causa das minhas noivitas). Mas, há quem ouviu o desagrado e transfere o desagrado da resposta ao desagrado a você. E aí? Aí, o outro cerimonial disse que cabe, o espaço disse que cabe, eles me cabem com suas respostas do jeito que eu queria ouvir. Eles é que são bons, vc não presta serve!!!
Não, minhas queridas noivitas, não sou sabichona e, longe de mim, ser dona da verdade. Mas, o pouco que sei e o pouco que entendo, vivo e vejo transfiro a vocês, porque sua causa é minha causa, seu sucesso é meu sucesso, seu casamento é sonhado junto. Estou ao seu lado, dou minha mão à sua mão com força, somos duas com um só propósito: um casamento fascinante!!! Por isso, sim, minhas noivas (que chamo de minhas por estarem dentro da alma), vez ou outra, minha resposta não será aquela que você deseja ouvir. Verei seu fervor esfriar com meu banho de água fria, verei vc se frustrar por precisar rever conceitos, mas NUNCA, NUNCA, NUNCA NA VIDA, minha noiva, carregarei a culpa de dizer o que vc quer ouvir sabendo que estou fugindo à minha verdade ou, muitas vezes, à realidade tão visível a todos, porém cegada pelo turvar do sonho. Realidade é maior que sonho e, se não houver quem a proteja, você pode descobri-la com dor, num dia que não volta atrás e não permite correções. Cuidado com o que você ouve, acredite no que vê e, ainda assim, na metade do que vê, pois seus olhos podem estar inundados de credibilidade sonhadora (termo que criei agora, mas que dispensa tradução, acho que todos entenderam).
Função do cerimonial? Fazer o real parecer sonho e não o sonho parecer real!!!
Termino com flores, pois sempre fica um perfume delas nas mãos de quem as oferece, já dizia o provérbio!!!